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 O que seria a POV?

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MensagemAssunto: O que seria a POV?   O que seria a POV? I_icon_minitimeQui Set 27, 2012 9:20 am


O que seria a POV? ,
No básico de tudo seriam os Pontos de Vista - Texto abaixo por Sandro Massarani

É muito complicado determinarmos qual é a principal razão do interesse das pessoas por histórias. Existem inúmeras opiniões distintas, cada uma com sua parcela de razão. Porém, não podemos negar que há o encanto por entrarmos em um mundo que não é o nosso, em uma mente que não é a nossa, vivermos a vida de uma outra pessoa, torcer por ela, chorar com ela, extravazarmos nossas fantasias.

Um escritor precisa ficar atento a este fato, e no processo de construção de seu texto ele precisa definir a seguinte questão: Através da visão de qual ou quais personagens contarei esta história? A resposta a essa pergunta nos levará à definição do Ponto-de-Vista (POV) da obra, ou seja, quem contará os acontecimentos e como eles serão narrados.

Exemplos de POV

1. Primeira Pessoa

A narração em primeira pessoa se baseia no "eu". O narrador se mescla com o próprio personagem e obtemos uma história altamente pessoal. Exemplos:

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O POV em primeira pessoa tem a vantagem de uma proximidade máxima com o personagem que narra a obra, e acabamos compartilhando totalmente todas suas sensações, emoções e opiniões. Os pensamentos desse narrador/personagem são facilmente transmitidos, já que ele "conversa" diretamente com o leitor. O problema de se utilizar o POV de primeira pessoa é que geralmente ficamos preso somente a uma visão, e geralmente não podemos narrar o que esse personagem não vê.

Nós nunca devemos "enganar" o leitor quando utilizamos a primeira pessoa. Se o narrador sabe de algo, os leitores também devem saber, não havendo espaços para surpresas de última hora. Por isso, não é recomendado que o narrador de histórias de detetive e mistério seja o personagem principal, senão o suspense e o mistério perderia muito de sua força. As histórias de Sherlock Holmes precisam ser narradas pelo Dr.Watson, que ao se surpreender com as façanhas de seu amigo acaba também transferindo sua emoção ao leitor.

Um erro comum no POV em primeira pessoa é o autor escrever suas próprias opiniões e as transferir totalmente para o personagem. O escritor tem que ter cuidado. Mesmo estando em primeira pessoa, o personagem narrador não é o autor, e sim uma pessoa distinta criada para os propósitos da história, que deve ter sua própria individualidade para ser crível. É lógico que se o autor estiver escrevendo um texto autobiográfico esse problema não se aplica.

2. Terceira Pessoa

A narração em terceira pessoa se baseia no "ele", "ela" ou "isto", e a maioria das obras comerciais são escritas nesse POV. Ao mesmo tempo que podemos saber o que se passa dentro do personagem ("Ele pensou"), também podemos analisá-lo por fora, pelos olhos do autor ("Ele fez"). Exemplos:

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A vantagem da terceira pessoa é que o autor tem maior flexibilidade para contar a história, não precisando ficar preso a somente uma visão, como na primeira pessoa. Porém, devemos ter certos cuidados. Qual é a proximidade que teremos com cada personagem? Saberemos com detalhes o que se passa dentro da cabeça de cada um? O escritor precisa ter isso em mente na construção da obra.

Toda vez que pulamos de uma mente para a outra, o leitor acaba também tendo que alterar sua visão, o que pode causar um certo desconforto e até a perda da concentração. Além disso, saber o que se passa na cabeça de todos os personagens pode tornar a obra muito fragmentada e inconsistente.

Muitos autores se utilizam do que chamamos de terceira pessoa limitada, ou seja, mantém durante a obra uma relação de proximidade com apenas um personagem. Apesar da obra ser narrada em terceira pessoa, nós só sabemos os sentimentos e as opiniões de um só caracter, o que torna o texto mais coeso e próximo a uma primeira pessoa, uma narração quase pessoal. Porém, o mais comum em obras comerciais é o autor ficar "passeando" pelas mentes dos personagens e isso deve ser feito com muita suavidade para não causar vertigem no leitor.

O autor deve conscientemente definir qual o tipo de aproximação a narração terá com determinado personagem. O fragmento abaixo mostra um certo distanciamento do narrador:

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Vamos ver como esse fragmento se transforma quando o narrador estabelece uma relação mais íntima com o personagem Artur, típico da terceira pessoa limitada:

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O POV de terceira pessoa permite inúmeras possibilidades narrativas, e deve ser utilizado quando temos vários personagens importantes que precisam mostrar suas vozes e pensamentos, ou quando a narração em primeira pessoa é vista como uma opção claustrofóbica para a história, desejando o autor mais flexibilidade.

3. Omniscente

Ominiscente é quando o narrador é uma espécie de "Deus": sabe de tudo e de todos, inclusive fazendo comentários diretos para o leitor. É uma radicalização da terceira pessoa, sendo bastante artificial e invasivo, pois penetra em um mundo que deveria ser privacidade do leitor. Muito comum no século XIX, foi perdendo sua popularidade ao longo dos anos mas ainda pode ser encontrado em algumas obras atuais.

A principal diferença entre terceira pessoa e omniscente, é que em terceira pessoa o escritor permanece de certa forma invisível, deixando espaço somente para os personagens. Já no POV omniscente, o escritor participa ativamente da narrativa. Exemplo:

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4. Epistolário

Epistolário é quando a narração se dá por meio de documentos escritos ou gravados, como cartas, notícias de jornais, e-mails, entrevistas e diários. É muito raro termos uma obra inteira sendo narrada através de epistolários, sendo o mais comum termos apenas alguns fragmentos do texto utilizando esse POV.

A obra mais famosa escrita totalmente em espistolários é provavelmente Drácula de Bram Stoker:

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O tempo estava muito bom quando partimos e, ao anoitecer, chegamos a Klausenburg, onde passei a noite no Hotel Royale. Ali jantei, ou melhor, ceei, uma excelente galinha temperada com uma espécie de pimenta vermelha. (Nota: arranjar receita para Mina.) Meu alemão, embora eu o fale mal, me foi muito útil; para falar a verdade, não sei como me arranjaria sem ele.

Antes de partir de Londres, como dispunha de algum tempo, fiz uma visita ao Museu Britânico, onde consultei livros e mapas referentes à Transilvânia. Descobri que a região por ele mencionada fica perto das fronteiras de três Estados, Transilvânia, Moldávia e Bucovina, nos Montes Cárpatos, um dos lugares mais selvagens e menos conhecidos da Europa.
Drácula - Bram Stoker (1897)

Considerações finais

Evite mudar constantemente os POVs de uma história. O mais comum é combinarmos primeira ou terceira pessoa com epistolário. Não é muito interessante combinarmos primeira com terceira pessoa, pois causa confusão no leitor. Porém, a escrita, como toda arte, não precisa seguir fórmulas preparadas, tendo espaço para experimentos, desde que estes sejam feitos com atenção e por alguém de habilidade.

A escolha do narrador e do POV é de fundamental importância. Nem sempre o personagem principal precisa ser o narrador. O escritor deve buscar o ângulo de visão mais interessante para contar o seu texto e ter sempre em consideração que o narrador deve presenciar as cenas mais importantes da obra.


thanks : Sophie Devon @ Fanfics Bestseller
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